Crônicas de Nova Ipanema

A Nova Antiga Praça do nosso Bosque.

Voltando a 1977

Lembro-me bem do coquetel comemorativo do ‘habite-se’ do Condomínio Nova Ipanema, realizado no salão social, em setembro de 1977. Antes disso, também testemunhei seu lançamento, em 1975. Contudo, só compramos nosso apartamento no início de 1977 e mudamos em 12 de junho de 1978 – no ‘Dia dos Namorados’. Nova Ipanema estava toda arquitetadinha, mas sem verde. As mirradas amendoeiras ainda estavam escoradas em estacas, para que os ventos, no então descampado, não as arrancassem do solo. Além do Carrefour, com 10% do que vemos hoje, o vasto areal se expandia até Jacarepaguá. Também não havia vida, tudo deserto, era ainda uma Nova Ipanema sem alma. E os moradores começavam a chegar com seus caminhões de mudanças.

Como disse, estava tudo arquitetadinho... Para irmos dos edifícios para a área social e esportiva, o politicamente correto era pegar a calçada da Rua Ipanema e dobrar na esquina da Rua Almirante Heráclito Graça Aranha. Aí, paulatinamente, os moradores foram mexendo no planejamento, aqui e acolá, formando seus caminhos vicinais. O exemplo mais emblemático é o de uma passagem existente entre os edifícios Henri Laurens e Auguste Rodin. Já ouvi comentários de que deveriam ter construído aquela via um pouco mais larga... Para quem não conhece o pedaço, trata-se do espaço entre os dois canteiros suspensos, que não foi, obviamente, planejado para que os moradores dos edifícios Bernini, Marino Marini e Henri Laurens, adentrando em território do Auguste Rodin, chegassem à ponte que dá acesso à outra metade do condomínio. Já a ponte foi idealizada, apenas, para ligar o bosque à área social e esportiva. Para fechar o assunto, há no bosque de Nova Ipanema inúmeros caminhos criados pelos moradores, inclusive, pasmem, passando por dentro das duas quadras poliesportivas do bosque. O local foi eleito, desde o início, para ser uma praça. E tem que ser lá, já que não subsistirá ser for plantada noutro local. Foi assim que o nosso Porrinhódromo foi criado pelos moradores. Nasceu do nada. Um grupo foi se formando e o espaço virou a realidade que vemos hoje.


Caminho vicinal criado pelos moradores entre os edifícios Henri Laurens e Auguste Rodin.
Crédito da foto: João Carlos Lopes dos Santos Filho (8/4/2012).

As duas quadras do bosque

Certo dia, antes de nos mudarmos para cá, me deparei com duas quadras, prontas, bem em frente à nossa varanda. Naquele exato momento, em pleno BOSQUE, operários estavam colocando enormes postes de iluminação e, decerto, depois, cercariam as quadras... Incontinenti, fui à administração, ainda sob a gestão dos incorporadores do empreendimento, ponderar que tinha escolhido morar em frente de um bosque. Se ao contrário fosse, estaria morando do outro lado em frente ao campo de futebol, quadras poliesportivas e de tênis...

Então, me informaram que tinham realizado uma enquete entre os compradores das unidades, por escrito, e que a esmagadora maioria se declarava praticante de futsal, vôlei e basquete... Os incorporadores concluíram, então, que as duas quadras existentes no complexo esportivo não seriam o bastante. Por isso, fizeram as duas quadras no bosque, eis que não teriam outro lugar para colocá-las. Só que o resultado da enquete foi mentiroso: as duas quadras que os incorporadores tinham planejado eram e são, até nossos dias, mais do que suficientes para a demanda. Ao responderem à enquete, até o mais inequívoco sedentário se dizia usuário de quadras poliesportivas... Como as duas quadras já estavam prontas, deixaram-nas lá, mas, depois da minha bronca, sem iluminação e cercaduras.


As duas quadras do bosque, com uma criança andando de patinete.
Crédito da foto: João Carlos Lopes dos Santos Filho (8/4/2012).

Como as quadras do bosque sempre foram usadas

Desde a origem, as quadras foram usadas para andar de bicicleta, patins, patinete, skate, carrinhos de bebê, cadeiras de roda e até para jogar peladas informais. Basquete ou vôlei, jamais! Assim, pelo vício original, fadadas ao insucesso como quadras poliesportivas. À noite, sem iluminação, nunca houve movimento. De dia, quando há uma pelada, não perdura por dez minutos. Como as quadras não são cercadas, aqueles que se aventuram, logo desistem, já que a bola corre para todos os lados e muitas vezes até os distantes muros das casas. Uma coisa é jogar uma pelada ininterruptamente, outra, bem diferente, é interrompê-la a todo instante para buscar a bola... Assim, as quadras do bosque foram transformadas por seus usuários numa praça, mormente de uso infantil, onde se pratica de tudo. Lá, meus filhos e minha neta mais velha aprenderam a andar de bicicleta, meu filho mais novo e minhas duas netas, Joana e Raquel, deram seus primeiros passos lá. Sempre foi uma praça com babás, vovós e seus netinhos. Quadras poliesportivas? Jamais...

O que sempre caberá aos moradores

A nós, caberá usufruir e sempre melhorar o que nos foi entregue perfeito. Hoje, o assunto do momento é um‘Plano Diretor’. Assim, que os arquitetos observem o que foi alinhavado pelos moradores ao longo do tempo e adaptem as quadras e aqueles espaços atrás das balizas, até os muros das casas, numa aprazível praça antiga, com um grande espaço aberto, coreto, chafariz, bancos moldados, além dos nossos tradicionais caminhos vicinais, onde, decerto, as bicicletas, patins, patinetes,skates e carrinhos de bebê continuarão a imperar. Decerto, o custo será menor do que refazer as quadras. Aqueles que gostam de bater uma bolinha, entre outras opções, do lado de lá, até às 22 horas, terão uma iluminação feérica e duas quadras poliesportivas com cercaduras de aramado às suas ordens.

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