Crônicas de Nova Ipanema

As árvores frutíferas de nossa infância

João Carlos Lopes dos Santos


No dia 21 de setembro, comemoramos "O Dia da Árvore". A propósito, tenho uma proposta-convite - lá no final - a lhes fazer.


Como era branca a nossa NIPA

Para quem conheceu Nova Ipanema dentro de um imenso areal, o verde que ora adentra pelos nossos olhos, através das varandas, ganha foros de uma fantástica floresta tropical.

No início dos anos 1980, a paisagem era extremamente branca. No verão, o sol se refletia no areal e irradiava um calor duplicado. De Nova Ipanema, o verde só era visto à distância. As raquíticas amendoeiras, recém-plantadas pelos incorporadores do novel empreendimento, nos confidenciavam aos olhos que iam morrer.


E as árvores vingaram e começaram a crescer

Infelizmente, se testificou depois que, na sua maioria, eram amendoeiras... Árvores frutíferas, nem para remédio. Mesmo assim, não podemos reclamar do que hoje vemos. Temos um verde exposto aos olhos para nos encher de orgulho.


Trinta e três anos depois

O que vou lhes reportar vai parecer para os mais jovens como se fosse escrito em javanês. Sapoti, tamarindo, pitanga, nêspera, amora, jabuticaba, abio, romã, carambola, jaca, cajá, entre outras. Ainda não temos todas essas frutas no nosso bosque, mas um dia chegaremos lá... Eram essas as frutas das nossas infâncias. Tinham cheiros e sabores personalíssimos. A criançada subia nas árvores e as arrancava – sem jogar pedras – e as comia sem lavar.

Em nome do progresso, essas saborosas iguarias estão a caminho da extinção. Contudo, já temos no bosque de Nova Ipanema um pequeno pomar com algumas árvores frutíferas de nossas infâncias, tais como: abacateiro, cajueiros, jaqueira, mangueiras, pés de jamelão, abricó, fruta de conde, laranja lima, limão, três cafeeiros, vários tipos de coqueiros, pitanga, acerola, goiabeira e poderá ter outras se você as plantar.


Ninguém joga pedra

Outro dia, meu sogro colheu umas mangas com sabor de antigamente, numa mangueira do nosso bosque. Alguém, por livre recreação, a plantou lá há mais de vinte anos, quem sabe para fazer contraponto com as inúmeras amendoeiras.

Há uns anos, depois de ter o meu automóvel amassado por umas inúteis amêndoas, conversando com um vizinho, soube o porquê da existência das amendoeiras no nosso condomínio. Ele me explicou que, (sic) dando frutos absolutamente desprezíveis, evitava-se, com isso, que as crianças subissem nas árvores ou lhe atirassem pedras. Fingi que entendi e fui embora, lembrando-se do ditado: Ninguém joga pedra em árvore que não dá bons frutos.


Sabor bem diferente

O sabor daquelas mangas me remeteu à infância. Nelas, senti o gosto da terebintina de suas cascas, o que lhes dá um aroma especialíssimo.

Hoje, só comemos frutas alienígenas ou geneticamente modificadas: melões insípidos, figos raquíticos, peras d’água – que lhe empresta o gosto –, maçãs e ameixas com gosto de nada, uvas ácidas, tangerinas, caquis e mamões bem diferentes dos de outrora, cerejas, pêssegos e kiwis importados não sabe de onde, lindas goiabas, enormes e sem bicho, mas sem gosto ou aroma, mangas maravilhosas de se ver, mas sem sabor. Tudo isso, produto de truques genéticos, de regas agrotóxicas e outras químicas de última geração.


Seus netos e os pássaros agradecerão

Quem tiver uma muda de ‘pé de fruta’ qualquer, que venha plantá-la no bosque ou na marina de Nova Ipanema. Assim, teremos excelente qualidade de vida e frutas saudáveis. Além disso, os passarinhos terão o que comer. Saibam que são eles os maiores predadores de insetos. Portanto, está na hora de plantarmos árvores frutíferas, assim como colocarmos chafarizes no bosque, na área social-desportiva e na marina, que sirvam de bebedouros para os nossos pássaros.


Proposta-convite

Vamos à prometida proposta-convite: não esperem o próximo ‘Dia da Árvore’, plantem árvores sempre. Tragam mudas das árvores frutíferas típicas de sua cidade ou região e as entregue na administração do condomínio que, na sua presença, serão plantadas no nosso bosque ou na marina de Nova Ipanema.

Crédito da foto: Joana Nazario Lopes dos Santos, neta do autor,
quando ela tinha 3 anos de idade.
Bosque de Nova Ipanema, em 2011, no mesmo lugar
onde, há 33 anos, tínhamos apenas areia da praia.

Crédito da foto: Joana Nazario Lopes dos Santos, neta do autor,
quando ela tinha 3 anos de idade.
Outra tomada do Bosque de Nova Ipanema, em 2011.

 

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