Crônicas do Cotidiano
Obsolescência planejada:
você sabe o que é?
João Carlos Lopes dos Santos
Se fosse diretor de empresa, ficaria muito agradecido ao receber este feedback.
A definição
Para quem não sabe, obsolescência planejada é a política empresarial de projetar bens de consumo, que deveriam ser bens duráveis, como chamados no passado, com o propósito de que eles deixem de funcionar num breve lapso – o que quase sempre acontece logo após o prazo de garantia expirar... Dizem que, num passado que não posso precisar, a obsolescência planejada foi idealizada com o objetivo de manter o pleno emprego. Pelo que se nota, o que era exceção virou a regra geral.
Os comerciais de TV
Sinceramente, fico extasiado diante da qualidade dos comerciais de TV e alguns dão ensejo a bordões conhecidos nacionalmente. O que os empresários fingem não saber é que o marketing, desassociado da qualidade, não segura o produto de má qualidade. E, de um modo geral, a qualidade dos produtos vem decaindo.
Feedbacks
O processo de obsolescência planejada, decerto, só é eficiente pela metade. Consegue-se êxito em tornar o produto obsoleto, mas quase sempre o seu planejamento foge ao controle do fabricante. A obsolescência planejada, sem dúvida, é uma estratégia de mercado que só pode levar seus praticantes ao fracasso. Querendo ajudar, passo este texto aos dirigentes de indústrias. Quem sabe, fazendo uma reflexão, haverão de melhorar a qualidade dos seus produtos.
A geladeira da minha mãe
Eis aí um testemunho: a geladeira elétrica era o sonho de consumo e símbolo de status dos anos de 1940. Minha mãe ganhou uma geladeira no dia em que nasci. Eu e geladeira já tínhamos uns 45 anos de idade e ela continuava a funcionar, como uma espécie de despensa gelada, ao lado de outra mais nova. Não ficaria surpreso se me contassem que ela esteja ainda funcionando em algum lugar.
As lavadoras de roupa que comprei
A primeira máquina de lavar roupa que comprei durou mais de 15 anos. A segunda durou cerca de 6 anos. Como começou a dar problemas e os consertos ficavam cada vez mais frequentes, resolvemos comprar outra. Durante a garantia, de um ano, ela não deu defeito algum. Logo que terminou a garantia, começou a dar problemas, aqueles comuns às "máquinas velhas". Compramos outra. Com isso, minha mulher, que não delega a ninguém os cuidados que dá à máquina, nem tampouco o seu manejo às empregadas, pensou que a máquina de lavar roupa levaria, pelo menos, uns três anos sem dar problemas. Ledo engano. De lá para cá, perdi a conta de quantas comprei. Conclui-se, então, que uma lavadora de roupa nova vira "velha" com pouco mais de um ano de uso.
Que saudades da geladeira da minha mãe, da primeira máquina de lavar roupa que compramos, aquela que durou 15 anos, ou até daquela que lavou roupa aqui em casa por 6 anos...
Uma dica e a colaboração
A dica: fidelidade é coisa do passado. Hoje, a empresa tem que conseguir que seus clientes sejam seus torcedores, na mais popular acepção da palavra.
A colaboração: não deixem de ler "O avesso do óbvio – um feedback para certos empresários", no link abaixo:
O avesso do óbvio (quem avisa, amigo é)
- Aos meus netos
- Imagens inéditas do céu e do inferno
- Raízes Lusitanas
- O fim de uma paixão.
- Refeições Inesquecíveis
- Ilações sobre a criação do cachorro
- O Ovo de Colombo
- Talentos incompossíveis
- As mulheres e o elixir da juventude
- A Mortalha
- Dando minhas carteiradas
- A praga dos feriados
- A morte do médico ateu.
- Quanto mais longevo, mais pobre.
- Minha Síndrome de Estocolmo.
- A inveja e o colesterol.
- Não também é resposta
- O que é talento?
- Aos desistentes, o bambu chinês
- Foco absoluto
- Saudades do futuro
- Obsolescência planejada: você sabe o que é?
- A individualidade e a Internet
- Você conhece a AMAN?
- As estratégias de meus grandes mestres
- Cuspindo na chuva
- Carcarás, tetéus, chupins e andorinhas...
- O homem do Zé Ciço
- Reengenharia, só na vida dos outros
- Parceria, em nossa opinião (uma crônica escrita a quatro mãos)
- A história do Fujão
- O avesso do óbvio (quem avisa, amigo é)
- To be or not to be, eis a questão
- Um dos muitos Severinos
- Trens, bondes e mineiros
- De pai para filho
- Minhas experiências como "terrorista"
- A camisa abençoada
- Barulho, mas que barulho!
- Gastando o meu Latim
- As mulheres das décadas de 1950/60
- Os cinemas de minha infância