Crônicas do Cotidiano

Minha Síndrome de Estocolmo.

João Carlos Lopes dos Santos.



Segundo aWikipédia, a enciclopédia livre da internet,Síndrome de Estocolmo(Stockholmssyndromet em sueco) é o nome dado a um estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida a um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo sentimento de amor ou amizade perante o seu agressor. A síndrome de Estocolmo parte de uma necessidade, inicialmente inconsciente’.

Obviamente, todos sabemos que a seleção brasileira de futebol, semana passada, tomou da sua congênere alemã um retumbante 7 a 1 no Mineirão, em  Belo Horizonte. E olha que, na fatídica partida, dizem que, quando o jogo estava 7 a 0, na linguagem automobilística, eles tiraram o pé... De repente, me vejo tomado de amores pela Alemanha, o algoz do futebol brasileiro. Não pelo resultado do futebol, eis que seja coisa circunstancial e, para mim, passageira, mas pelo que já venho perdendo de 7 a 1 da Alemanha, já há algum tempo. Atualmente, na minha ótica, é a nação mais próspera do planeta.



A escultura que anda

Há uns seis meses, portanto bem antes da Copa do Mundo de 2014, sentado num dos bancos do jardim do meu edifício, observava um Mercedes-Benz novinho em folha. Esteta assumido, comentei com meus botões: isso não é um automóvel, é uma escultura... Contudo, ratificando uma tese antiga, para mim, não basta a beleza se desacompanhada de qualidades e virtudes. A indústria alemã prima pela absoluta qualidade. Nos meus pensamentos, naquele momento, perdi de 7 a 1 para a Alemanha...



A máquina econômica

Há alguns anos, estive numa fábrica em Caxias do Sul-RS. Aquele tipo de fábrica com chão espelhado de tão limpo, onde se pão com manteiga cair do lado errado pode ser comido sem susto. Havia lá grandes máquinas, cada uma ocupando no piso uns 15 metros quadrados, com apenas um operário dentro delas, sentado, diante de um computador, comandava a tal máquina, que produzia peças de aço, que mais pareciam reluzentes esculturas. Perguntei ao industrial: vocês têm poucos operários aqui, eles ganham bem? Ele falou um valor mensal altíssimo que não me lembro ao certo. Então, lhe perguntei se aparecia muita gente procurando emprego por lá. Ele me respondeu: essa máquina, a rigor, é um computador alemão. Quem aparecer em Caxias do Sul sem excelente qualificação profissional, não vai arranjar emprego. Como todos sabem, indústria pesada de altíssima precisão, decerto, é uma especialidade alemã. Mais uma vez, perdi de 7 a 1 para Alemanha...



Conversem com quem visitou a Alemanha

Perguntem como funciona o sistema de saúde, educação, transporte e segurança pública de lá. Perguntem como vive o povo alemão, antes bipartido e agora unido. Não precisa nem perguntar como eles fazem planejamento esportivo. Não precisa perguntar por que eles construiram um resort no Sul da Bahia, perto de Porto Seguro, dando emprego às pessoas humildes do local, objetivando servir de concentração para seleção alemã durante a Copa do Mundo de 2014. Além de tudo que possa existir num hotel cinco estrelas, construíram um campo de futebol, um centro de saúde completo com fisioterapia, musculação e tudo mais que vocês puderem imaginar. Além de filantropia, fizeram amizade com o povo local. Construíram uma estrada para interligar o resort às estradas já existentes. A vitória exige infraestrutura sólida – eles têm! –, planejamento minucioso e trabalho à exaustão. Deus ajuda a quem trabalha.

Infelizmente, já de algum tempo, nós estamos perdendo de 7 a 1 para a Alemanha. Por outro lado, também perdemos de goleada para o Japão quando os torcedores japoneses, fato amplamente noticiado na mídia, terminados os seus jogos, antes de saírem do estádio, cataram todo o lixo que produziram durante os jogos, colocando-o nas lixeiras recicláveis. O Japão não ganhou os três jogos que disputou na Copa – perdeu dois e empatou um –, mas deixou esse belíssimo exemplo.

Como um dos sintomas da minha ‘Síndrome de Estocolmo”, virei fã de carteirinha da Helene Fischer, uma fantástica cantora alemã que poucos conhecem no Brasil, como quase tudo que se relaciona à Alemanha, provavelmente pelas línguas cifradas que falamos, quase códigos secretos, o Português e o Alemão.



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